Meu Cristo
Autor: Tiago Rocha
Neste mundo há muitos cristos: de muitas formas, de várias cores
e de vários tamanhos.
Cristos feitos, cristos inventados, cristos moldados, cristos
deturpados, cristos tristes, cristos desfigurados. Há cristo pra cada gosto,
cada interesse, cada objetivo, cada projeto.
Há o cristo das belas artes: um motivo como tantos outros, para
expressar uma forma ou exibir uma escola, pelo próprio homem criado. É
cristo para se ver, apreciar ou criticar. Para exaltar o autor, seu talento,
sua invencionice. É um cristo despido de autoridade, sem expressão, sem
dignidade.
Há o cristo da literatura: da prosa, do verso, da forma, do estilo. Do
livro famoso, do “best seller”. É um cristo pretexto, que serve de texto,
dentro de um contexto, que ajuda seu autor a faturar mais, ser mais lido e
mais procurado.
Há o cristo das cantigas: deturpado, maltratado, irreverentemente
tratado. Aparece na crista da onda, estoura nas paradas, é cantado nos
salões e circula aos milhões como mercadoria. Para enriquecer a todos.
É um cristo de algibeira. Fabricado como produto de consumo.
Há até o cristo do cinema e do teatro: sucesso de bilheteria. É a
Expressão da arte moderna, fazendo a caricatura do maior personagem
do mundo. É um cristo musicado, maquinalisado, encenado. É um cristo
espetáculo para os olhos, para os ouvidos, para lazer, para higiene
mental.
Há o cristo do crucifixo: de pedra, de mármore, de madeira, de
metal. É o cristo para a aparência. Para o colo da mocinha. Para o peito
piloso do rapaz excêntrico. É apenas ornamento ou simples decoração.
Embora alguns lhe prestem culto, ele não vê, não ouve, não entende.
Há o cristo dos teólogos: difícil de entender. Complicado. É o
Cristo dos eruditos, para cultos privilegiados. É o cristo só para ser
analisado, discutido, dissecado e aceito intelectualmente. Não modifica.
Não regenera. Não transforma. Não muda.
Há também, infelizmente, o cristo de certos cristãos, que ainda o
tem no túmulo. É o cristo crucificado, morto e sepultado e ainda
conservado na tumba dura e fria. É um cristo que não vive, porque
seus adoradores ainda estão mortos, sem despertar para a nova vida,
a vida do próprio Cristo, da qual lamentavelmente ainda não se
apossaram.
O meu Cristo não é nenhum desses.
O meu Cristo é o Filho de Deus. Que foi encarnado. Nasceu.
Sofreu. Foi condenado à morte e sepultado por causa dos meus
Pecados.
Meu Cristo não ficou preso na sepultura escura. Ele ressuscitou.
Subiu ao céu e reina à direita do Pai.
O meu Cristo é respeitado, admirado, cultuado e adorado porque
está vivo, bem vivo.
O meu Cristo vive nas palavras que proferiu.
O meu Cristo vive nos ensinos que deixou.
O meu Cristo vive nos atos que praticou.
O meu Cristo vive nas obras que realizou.
O meu Cristo vive nas almas que salvou.
O meu Cristo vive. É, eu sei bem disto. Não tenho nenhuma
dúvida.
O MEU CRISTO VIVE EM MIM !
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